Recém-nascidos pré-termo

     O aleitamento materno é o alimento mais seguro para crianças até os seis primeiros meses de vida e em se tratando de recém-nascidos pré-termo, tem um caráter ainda mais especial pela vulnerabilidade e imaturidade desses bebês.                                                                                                  
    O aleitamento materno de prematuros (RNPT) é menos freqüente que o de recém-nascidos de termo, devido à imaturidade das crianças e aos distúrbios que costumam apresentar após o nascimento. Estas limitações, porém, não constituem um obstáculo definitivo, e alguns programas de estímulo à prática da amamentação de prematuros têm logrado aumentar significativamente a taxa de amamentação. De modo geral, estas crianças permanecem por períodos prolongados nas unidades neonatais, onde o estímulo à prática da amamentação deve ter início.             
     Amamentar prematuros é, sem dúvida, um grande desafio. Os RNPT apresentam imaturidade fisiológica e neurológica, hipotonia muscular e hiper-reatividade aos estímulos do meio ambiente, permanecendo em alerta por períodos muito curtos. Mas apesar de inadequado controle da sucção/deglutição/respiração, um RNPT é capaz de alimentar-se no peito, desde que com auxilio e apoio apropriado. Os neonatologistas precisam estar convencidos das múltiplas vantagens do AM e da possibilidade de se alimentar RNPT com LH, como também integrar o manejo e apoio da lactação ao planejamento da ação terapêutica nesses pacientes.                                  O recém-nascido pré-termo, no período pós-natal imediato em UTI ou em cuidados de alto risco, necessitam do máximo possível do contato com a mãe. Após a estabilização clínica é condição essencial que a mãe fique em contato íntimo com o filho. A mãe deve ser estimulada para tocar no recém-nascido, garantindo assim o estímulo da ordenha do leite e produção de anticorpos específicos. 
       A técnica do cuidado "mãe canguru", isto é, manter o filho entre os seios em contato pele a pele e posição vertical, pode ser iniciada parcialmente na UTI e ser o mais contínua possível na enfermaria. Este contato íntimo com o recém-nascido propicia adequada colonização com bactérias da mãe. É possível, embora ainda não inteiramente comprovado, que a mãe possa produzir anticorpos IgAs específicos contra patógenos do berçário onde seu filho permanece por um longo tempo.                                                                                                                                           O cuidado mãe canguru associado ao uso precoce do colostro, muda as características dos patógenos em uma unidade neonatal. Assim, é raro casos de infeção grave como a enterocolite necrosante em crianças exclusivamente alimentadas com leite humano. Também o uso de copinho ao invés de mamadeira junto com o cuidado mãe canguru propicia alta mais precoce, maiores taxas de aleitamento materno, menores índices de infecção e melhor qualidade do cuidado materno à alta hospitalar. Durante o período de internação na unidade de neonatologia, muitas mães percebem que nutrir o filho é a única coisa que podem efetivamente fazer para colaborar para recuperação do RNPT. Entretanto, muito poucas conseguem iniciar e manter uma produção adequada de leite sem receber ajuda qualificada e apoio da família.                         
      As famílias podem desempenhar um papel de notável influencia na amamentação do RNPT. É fundamental lembrar que elas devem ser vistas como parte integral da experiência de AM e importante no suporte da díade mãe –filho. Os profissionais de saúde precisam orientá-las de modo adequado para que ajudem as mães na tomada de uma decisão informada e consciente no que diz respeito à alimentação de seus filhos. Com relação aos homens, em geral eles percebem a importância do seu apoio para o sucesso do AM.